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'Minha irmã foi para um quartel, e eu vim para a posse do Lula em Brasília'

Islandy Pereira e o filho João Pedro, de 13 anos, vieram do Espírito Santo para ver a posse de Lula em Brasília - Ananda Portela/UOL
Islandy Pereira e o filho João Pedro, de 13 anos, vieram do Espírito Santo para ver a posse de Lula em Brasília Imagem: Ananda Portela/UOL

Ananda Portela

Do UOL, em Brasília

31/12/2022 04h01

De última hora, no dia 21 de dezembro, a publicitária Islandy Pereira, 52, decidiu que viajaria do Espírito Santo a Brasília para assistir à posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Fez questão de trazer o filho, João Pedro, 13. "Não poderia vir sem ele", conta ela, emocionada, na Esplanada dos Ministérios, na tarde nublada desta sexta-feira (30).

Islandy conta que está feliz por poder presenciar um momento que, para ela, é um divisor de águas na história do Brasil. Ao mesmo tempo, lembra com tristeza a posição política da irmã, que hoje é uma das participantes de atos golpistas pró-Jair Bolsonaro em frente a um quartel. "Ela pensa que está lutando por uma coisa boa, mas ela está defendendo o Exército. O que o Exército faz por ela?", questiona.

Segundo a publicitária capixaba, a irmã age "como se fosse um robô". "Ela fala pausadamente, é estranho, eu não a reconheço mais."

Às lágrimas, Islandy lamenta que a irmã não defende uma política que beneficiaria o próprio sobrinho: João Pedro é negro e fará uso da política de cotas. "Lutei muito para que o filho dela pudesse escolher se ele seria cotista ou não. E ela quer tirar as cotas do meu filho", diz.

João Pedro "é o mais politizado da família", afirma a mãe, orgulhosa. "Sempre acreditei muito na política por influência dela", responde o adolescente, fazendo Islandy se emocionar mais uma vez.

Ele conta que desde pequeno ouve a mãe falando de política: "E eu entendi que os governos de esquerda são muito bons para as pessoas pobres. Que é o nosso caso".

Islandy, o marido e o filho decidiram há apenas nove dias que viriam a Brasília, não só pelo custo da viagem, mas pelo medo das chuvas que atingiram o Espírito Santo no início do mês. "Não foi fácil vir para cá, mas nós decidimos fazer esse investimento pelo futuro do meu filho."