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Depois da solidão da pandemia, o esquema de contatinhos vai fazer sentido?

Unsplash/Yura Fresh
Imagem: Unsplash/Yura Fresh

Do TAB

13/06/2021 04h00

Você já deve ter ouvido falar do FoMO (Fear of Missing Out, ou medo de ficar de fora), e talvez do JoMO (Joy of Missing Out, a alegria de ficar de fora). Mas uma nova sigla vem surgindo para os solteiros durante a pandemia: FoDA. Antes que você faça qualquer interpretação apressada (já que a palavra permite várias), explicamos: Foda é Fear of Dating Again, o medo de 'namorar' ou sair com as pessoas de novo.

Depois de mais de um ano trancafiado em casa e aprendendo que ter contato com outras pessoas é arriscado, será que vai ser simples sair beijando várias bocas por aí sem medo? Nesta semana, o novo episódio de CAOScast debate a vida dos solteiros antes, durante e após a pandemia, pensando no que vem mudando com todo esse distanciamento social. Clique no vídeo abaixo para conferir o papo.

"O FoDA nada mais é do que uma ansiedade compartilhada por todo mundo que tem a intenção de voltar à caça sem ter clareza de quais vão ser as novas regras do jogo, em que medida vão se sentir confortáveis para pisar nessa pista de novo. Acho que sair da bolha tende a ser tenso para muita gente que se 'enconchou' nesse período. A gente desenvolveu um cuidado e uma preocupação que só uma crise sanitária é capaz de gerar", avalia o pesquisador Tiago Faria no episódio (ouça a partir de 25:00).

Seja você do time daqueles que fechou um contratinho pandêmico com alguém, seja dos que optaram pelo celibato, voltar a ser solteiro pós-vacina vai ser diferente do que era antes.

"Eu diria que eu pelo menos saí assim com um sentimento de crescimento, de amadurecimento, dessa pandemia. Antes eu acho que focava muito nesse negócio do contatinho: eu preciso pegar, eu preciso beijar uma boca", confessa André Lage, agregado da trupe do CAOScats e participante do episódio. "Pensei: 'nossa, então eu consigo ficar assim, sem ter alguém na minha vida, (...) e ver que tem outras fontes de prazer que não dependem tanto do outro assim.' Acho que a gente está saindo um pouquinho mais maduro dessa pandemia. E digo isso antes de ter sido vacinado e antes de chegar no primeiro Carnaval com vacina", diz ele, brincando que toda essa reflexão pode ir por água abaixo na primeira oportunidade (a partir de 27:01).

A verdade é que as regras do jogo já vêm mudando. Nem todo solteiro está celibato na pandemia, mas é seguro dizer que a grande maioria ficou pelo menos mais seletiva. "Confesso que, se antes da pandemia já não estava a coisa mais fácil do mundo encontrar a tal da conchinha do inverno, agora realmente virou uma tarefa hercúlea. (...) Se antes eu tinha que encontrar alguém que valesse a pena dar um beijo, acordar no dia seguinte com essa pessoa, agora eu tenho que encontrar alguém que valha a pena o risco de eu ser contaminado e de eu contaminar algum parente meu", conta Lage (a partir de 22:06).

E os números refletem esse receio. Um levantamento do Tinder mostra que conversas dos usuários ficaram 32% mais longas nesse período da pandemia e o número de mensagens diárias cresceu 20%. Estamos conhecendo melhor as pessoas virtualmente antes de dar outro passo.

Para Tiago Faria, a pandemia pode "encaretar" os solteiros, que devem manter a seletividade — pelo menos a médio prazo. E você? Acha que com a vacinação a vida dos não comprometidos vai ser um eterno Carnaval? Ouça o episódio completo para entender os possíveis caminhos dos relacionamentos daqui para frente.