'Tem gente fantasiada': a reação às roupas de quem passou pelo centro de SP
Pelas ruas do centro de São Paulo, lugar de passagem de trabalhadores, em cujas calçadas moram milhares de pessoas, a reportagem viu uma quantidade equilibrada de transeuntes com vermelho ou verde e amarelo, cores que identificam os partidos de Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL).
Quem passou pela região da rua Major Diogo ouviu comentários do tipo "olha, tem gente fantasiada" para os bolsonaristas mais empolgados. Uma delas pode ter sido a professora de português Sirlei Bahia, 56. Convocada para ser mesária na mesma escola em que leciona, Bahia, que é mineira, pediu para sua irmã costureira fazer um look verde e amarelo especial para a ocasião, o que causou uma enorme polêmica.
Ela diz que foi insultada: uma das funcionárias disse que ela precisava trocar de roupa ou a polícia poderia prendê-la por propaganda partidária. Ciente da sua situação regular, pois não trazia nenhuma alusão a partidos ou candidatos, ela se manteve firme no local. Mas se irritou de vez com o enorme burburinho e vazou.
"Desisti de trabalhar agora porque quero me manifestar. Sou bolsonarista com muito orgulho e quero o Bolsonaro eleito. Desde que começou a campanha, dia e noite, eu luto. Estou com a mão machucada de tanto compartilhar vídeos porque não quero esse bandido do Lula. Eu amo meu Brasil. Como assim mandar a polícia me prender porque estou de verde e amarelo, as cores do meu país, se um candidato bandido pode concorrer?", disse à reportagem.
Ao ser questionada sobre a expectativa em volta de um possível segundo turno, a professora diz que ficaria muito decepcionada se Bolsonaro não ganhasse de primeira. Caso isso não aconteça, é porque "existem muitas pessoas ignorantes no país, infelizmente".
O casal Samila dos Santos Ximendes, 28, publicitária, e Paulo Goulart, 31, editor de vídeos, escolheram roupas da marca de um amigo, feitas especialmente para as eleições. A ideia foi reforçar a liberdade de expressão e reduzir o medo causado pelo terror psicológico — muitos eleitores nas ruas preferiram vestir roupas neutras, que não identificassem o voto, para não serem hostilizadas.
A intenção é semelhante a de Rachel Dias, 26, diretora de arte, e Adriano Venâncio, 31, técnico cinematográfico. Rachel ainda faz uma reflexão: "Me visto assim pelo direito de manifestação silenciosa garantida, para incentivar outras mulheres que em algumas situações sofrem pressão, na casa ou no trabalho, para manifestar suas verdadeiras vontades políticas. Ao verem outras mulheres, elas podem se sentir mais seguras para votar ou mostrar o que pensam."
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