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Mesmo sob chuva, bolsonaristas mantêm acampamento no interior de SP

Acampamento na frente do 12º GAC (Grupo de Artilharia de Campanha) em Jundiaí (SP) - Felipe de Souza/UOL
Acampamento na frente do 12º GAC (Grupo de Artilharia de Campanha) em Jundiaí (SP)
Imagem: Felipe de Souza/UOL

Felipe de Souza

Colaboração para o TAB, de Jundiaí (SP)

09/01/2023 04h01

A chuva fina é apenas um detalhe — um detalhe insistente por toda a semana, assim como o incansável grupo de defensores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que segue acampado em frente ao 12° GAC (Grupo de Artilharia de Campanha) em Jundiaí (SP) desde o segundo turno das eleições, em 30 de outubro do ano passado.

Desde a última visita da reportagem, na estreia da seleção brasileira na Copa do Qatar, algumas coisas mudaram na concentração montada na entrada principal do grupamento, que é um dos maiores do interior paulista e teve função estratégica em ações militares nos anos de 1930 e 1932.

Primeiro, a quantidade de pessoas. Nesta semana, o número era menor que no dia do jogo. Mas ainda havia uma quantidade considerável de gente encolhida em barracas para fugir da chuva e do vento; outras vestiam capas segurando a bandeira do Brasil (e recebendo cumprimentos de motoristas que passavam pelo local); e havia quem circulasse de um lado para o outro, conversando com quem encontrava ou indo buscar alguma coisa.

Segunda mudança: não havia mais uma viatura da Polícia Militar Rodoviária no viaduto que liga a Rodovia Anhanguera à Avenida 14 de Dezembro, onde fica o GAC. Isso pode ser creditado ao fato de que, em novembro, houvesse o temor de que a estrada fosse fechada, como acontecera semanas antes.

A terceira envolve diretamente a produção desta reportagem. Um estranho aparecendo no acampamento causou burburinho. No dia do jogo, isso parecia não importar os manifestantes.

Nas rodas de conversa falava-se de todos os assuntos possíveis, desde os mais triviais, como a própria chuva, ao compartilhamento de histórias e causos, e alguma reclamação da política. Porém, um tema menos frequente.

Conseguir uma entrevista, dessa vez, foi uma missão difícil, quase impossível. Não havia "dedo na cara" nem nada do tipo. Mas a comunicação não verbal do grupo já deixava claro que a presença da reportagem não era bem-vinda ali.

Acampamento golpista na frente do GAC, em Jundiaí (SP) - Felipe de Souza/UOL - Felipe de Souza/UOL
Imagem: Felipe de Souza/UOL

Os pedidos de intervenção militar e golpe continuam em cartazes, faixas e placas, como a "salvação do Brasil" e a ajuda das Forças Armadas.

Uma diferença importante: o hino nacional e a Ave-Maria não eram mais entoados a cada hora cheia. A sensação agora é que o silêncio era maior. Nem as rodas de conversa, efusivas e barulhentas em novembro, estavam com o mesmo tom.

Enquanto algumas mudanças eram notadas, outras continuavam iguais: uma barraca com alimentos e bebidas -- quentes, principalmente, porque o vento trazia um incômodo frio -- ainda estava ativa. Algumas pessoas continuavam trazendo suprimentos.
Mesmo com todas as diferenças, como a chuva variando de intensidade no cair da tarde, a principal questão era mantida intacta: o pedido para um golpe que, a cada dia que passa, está mais distante de acontecer.