Só para assinantesAssine UOL

Armas de mega-assalto de Araçatuba foram reutilizadas em crimes hediondos

Peritos da Polícia Federal identificaram que as armas usadas no domínio da cidade de Araçatuba (SP), em agosto de 2021, foram reutilizadas em outros crimes, incluindo dois homicídios e outro mega-assalto a banco. A informação foi obtida com exclusividade pelo UOL.

Mais de 1.000 estojos — componentes de cartuchos de armas de fogo — foram coletados em Araçatuba (SP) depois do mega-assalto de 2021 e levados ao laboratório de perícia balística da PF, em Brasília.

"Todo o material foi cadastrado no banco de dados. Passados alguns meses, outro crime foi cometido em outra cidade, também com o modus operandi de 'domínio de cidade', e lá deixaram um monte de estojos novamente. Foi tudo coletado e preparado. Quando se colocou no banco, ligaram-se os dois locais de crime: 3 armas de fogo usadas em Araçatuba foram utilizadas nesse outro domínio de cidade."

A afirmação acima foi feita por Lehy Sudy dos Santos, chefe do Serviço de Perícias em Balística do Instituto Nacional de Criminalística, em entrevista exclusiva ao UOL. Ele complementou:

"Uma dessas armas, usada nos dois locais, bateu com um homicídio que havia sido cometido entre os dois assaltos. Então, começamos a ter o trajeto dessa arma no mundo do crime: ela estava no assalto em Araçatuba, foi levada para outra cidade onde foi cometido um homicídio e, depois, a mesma arma foi levada para outra cidade, onde ocorreu um novo domínio de cidade."

Estojos de munições encontradas durante do domínio da cidade de Araçatuba (SP) em 2021
Estojos de munições encontradas durante do domínio da cidade de Araçatuba (SP) em 2021 Imagem: Liel Marín/UOL

Outra investigação, sobre o domínio da cidade de Botucatu (SP), ocorrido em julho de 2020, identificou as origens das balas utilizadas no crime.

Grande parte delas foi desviada de órgãos de segurança pública, como Exército, Aeronáutica, Polícia Rodoviária Federal e polícias Militar e Civil de São Paulo. Um dos cartuchos encontrados em Botucatu é, inclusive, do mesmo lote utilizado no homicídio da vereadora Marielle Franco, no Rio, em 2018.

Além do caminho das armas de Araçatuba, foi possível também identificar vestígios biológicos de criminosos em diferentes localidades. Segundo a perita criminal federal Ana Paula Vieira de Castro, que atuou na investigação do roubo da cidade, por meio do processamento dos vestígios coletados na cidade, DNAs foram incluídos no banco de perfis genéticos da Polícia Federal.

Continua após a publicidade

"A gente conseguiu detectar a conexão do caso de Araçatuba com outros nove crimes diferentes, tanto investigados pela Polícia Federal como também investigados pelas polícias estaduais, com crimes que ocorreram entre 2015 e 2022, em São Paulo, Paraná e Minas Gerais", informou.

Assista acima à íntegra do documentário "Cidade Dominada" parte 2.

Deixe seu comentário

Só para assinantes