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Eleição na Baixada Fluminense teve tiro, ameaças, compra de votos e prisões

Os moradores da região mais pobre do estado do Rio de Janeiro, a Baixada Fluminense, votaram neste domingo (6) apreensivos não só com o resultado das urnas.

Com atuação de milicianos, grupos de extermínio e facções criminosas denunciadas à Justiça, a Baixada viveu novamente a tensão das eleições dos últimos 10 anos.

Moradores ouvidos pela reportagem contaram que houve intimidações provocadas por aliados de candidatos que deveriam ser eleitos "sim ou sim", em prol da "segurança de todos".

Eles disseram também que, mesmo perto de colégios eleitorais, a boca de urna era feita em tom de ameaça aos eleitores.

Ameaças e tiro

Em São João de Meriti, correu a história de que, se um determinado candidato a prefeito não ganhasse, a violência na cidade iria aumentar. O candidato ficou fora do segundo turno.

Em Mesquita, onde o prefeito eleito foi apoiado pela família Miranda, tradicional na política do município, também houve apreensão nos últimos dias.

Na madrugada de domingo (6), um homem foi baleado na cabeça enquanto colava adesivos para um candidato. Ele foi socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.

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A Polícia Civil investiga o caso. Segundo testemunhas, o rapaz teria sido vítima de uma emboscada feita por militantes de um dos opositores.

Presos por compra de voto

Na noite anterior à eleição, a Polícia Federal prendeu 24 pessoas em Nilópolis por tentativa de compra de votos.

O objetivo da fraude era ajudar o prefeito agora reeleito, Abraãozinho David, sobrinho do bicheiro Anísio Abraão David, presidente de honra da Beija-Flor.

Com três policiais foram encontrados R$ 63 mil em espécie, que, segundo a PF, seriam destinados à compra de votos.

Os policiais federais encontraram com os presos uma lista com nomes de eleitores que receberiam parte do dinheiro.

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A ação ocorreu em uma casa. A abordagem começou depois de os policiais observarem a entrada e a saída no local de 15 pessoas que aparentavam ser cabos eleitorais.

PMs detidos

Em Belford Roxo, 31 pessoas foram detidas por boca de urna. Entre elas, três policiais militares, sendo um deles o secretário de Ordem Pública da cidade, Marcelo Dias.

A PM abordou quatro carros que estariam fazendo boca de urna para o candidato Matheus do Waguinho (Republicanos).

A prefeitura informou que a polícia parou um carro que estava à frente daquele que levava o secretário, mas que não foi encontrada nenhuma irregularidade.

Segundo a corporação, o carro dos três PMs detidos tinha a placa coberta com um adesivo de campanha. A Corregedoria da PM instaurou procedimento para acompanhar o caso.

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Filha de Beira-Mar

Em Duque de Caxias, o candidato eleito era apoiado pelo deputado federal General Pazuello (PL), ex-ministro da Saúde de Jair Bolsonaro, e pelo secretário estadual de transportes, Washington Reis (MDB).

Mas a cidade mantém a influência política local atrelada, em parte, ao tráfico de drogas.

Fernanda Costa (MDB), filha do chefe do CV (Comando Vermelho) Fernandinho Beira-Mar, foi reeleita vereadora com 7.300 votos.

Ela foi condenada em 2023 por envolvimento com a organização criminosa liderada pelo pai.

Segundo a Justiça Federal de Rondônia, onde o traficante estava preso à época da operação da PF que investigou o caso, em 2017, Fernanda é uma peça-chave para a engrenagem da facção em Duque de Caxias enquanto Beira-Mar continua preso.

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Ela foi investigada por repassar mensagens do pai a traficantes da cidade.

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