CAOScast: no Brasil, geração Z se aproxima da política com cautela
Em um mês com um longo processo eleitoral nos EUA e dois turnos da festa da democracia brasileira, as eleições dominam os noticiários e as redes sociais, já que a conversa de bar anda meio parada pela pandemia.
Direta ou indiretamente, os jovens fazem parte dessa conversa. E é dessa relação entre a geração Z e a política que trata o primeiro episódio do CAOScast, da Consumoteca, que agora passa a ser distribuído em TAB. O podcast, apresentado pelo antropólogo e sócio-fundador da Consumoteca, Michel Alcoforado, também colunista de TAB, vai trazer semanalmente discussões cheias de provocações sobre temas que são tendência. Junto de Alcoforado estão Tiago Faria e Rebeca de Moraes, pesquisadores, e Marina Roale, head de pesquisa da Consumoteca.
Novos episódios de CAOScast serão publicados nas plataformas de podcast quinzenalmente (confira os links no final deste texto). Mas todas as quintas-feiras TAB trará novas reportagens baseadas em conteúdo do Caoscast: sejam das estreias ou de episódios já disponibilizados.
A internet, que foi decisiva no processo eleitoral de 2018, continua protagonista de campanhas. Apesar de a maioria dos "tiozões" estarem por lá, quem entende mesmo desse meio e vai decidir seu futuro são a geração Z. Mesmo que não tão expressamente, como observa Alcoforado. "Temas como feminismo, #BLM e meio ambiente engajam os Zs, mas mesmo assim eles parecem manter uma apatia política."
Basicamente, eles se apaixonam e lutam por causas, não por partidos ou bandeiras da política tradicional, explica o antropólogo. Isso pode ser explicado, em parte, pelas primeiras experiências que os Zs tiveram com esse tema. "A geração Z começou a ter mais contato com política a partir dos movimentos de junho de 2013 (...) O que acontece é que nem essa nem outras grandes tentativas de mudanças políticas surtiram grandes efeitos. Acho que começou a existir pra essa galera um desacreditamento desse sistema mais tradicional de espectro político e ativista", pondera Faria (ouça a partir de 7:24).
Quando se fala de causas, no entanto, os olhos brilham, principalmente entre os jovens das classes mais altas. Em uma pesquisa realizada pela Consumoteca com jovens da geração Z de todas as classes sociais e regiões do Brasil, 48% dos participantes da classe B disseram acreditar que acompanhar de perto o que acontece na política é de extrema importância para lutar pelo mundo que acredita. Para a classe A, esse número aumenta para 59%. E cai para 38% nas classes D-E.
"O jovem da classe A em geral já tem um debate político dentro de casa. Além de ter mais acesso à universidade, ambiente acadêmico, ele tende a ser muito mais politizado dentro dessa discussão", diz Faria (a partir de 19:32).
Enquanto isso, na internet eles encontram ambientes para conversar com quem pensa como eles e levantar bandeiras comuns: meio-ambiente, questões de gênero e LGBTQI+ são algumas delas. Em casa, muitas vezes as conversas não são tão produtivas, observa Moraes. "Muitos deles ouvem um posicionamento dentro de casa, dos pais e dos avós, e outro diferente dentro da escola ou na faculdade. (...) A relação que os jovens têm com a política em geral foi pré-estabelecida por influências, que também muitas vezes já estão carregadas de preconceitos. É um desafio elaborar uma forma de pensar própria diante desse cenário complexo de polarização" (a partir de 11:50).
Os podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts e em todas as plataformas de distribuição. Você pode ouvir Caoscast, produzido pela Consumoteca e distribuído por TAB UOL, em plataformas como Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, Orelo, Deezer e YouTube.
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