CAOScast: procedimentos estéticos se popularizam para atender novos padrões
A eterna busca pela beleza conta com ingredientes inéditos. Para começar, o fato de que procedimentos estéticos estão cada vez mais acessíveis. Outro ponto são as redes sociais: a superexposição faz com que os padrões de beleza a serem atingidos estejam ostensivamente visíveis, o tempo todo.
Nesta semana, a equipe do CAOScast explora a questão: vivemos a era da medicalização da beleza? Para aumentar a autoestima, basta entrar no bisturi? De que maneira os filtros de Instagram e afins influenciam nossos próprios desejos à frente do espelho?
"A finalidade clássica da medicina sempre foi ligada à ideia da doença, ou a busca pela cura, o padrão de saudabilidade. Quando a gente fala de medicina estética, esse jogo muda, cria-se uma camada nova", diz o pesquisador Tiago Faria (ouça a partir de 15:00).
Ou seja, essa tendência de recorrer a consultórios médicos para ficar bonito é impulsionada por demandas de saúde mental.
Marina Roale, líder de pesquisa da Consumoteca, lembra que a medicina estética ainda é um nicho muito mais voltado às mulheres. Mesmo que as razões tenham mudado, em consonância com as pautas feministas e de empoderamento, se antes as intervenções eram justificadas para agradar ao outro, agora elas querem se sentir mais belas como ingrediente de bem-estar pessoal (a partir de 23:20).
A estilista Juliana Santos faz o alerta: o importante é não buscar esses avanços da medicina estética para seguir a modinha. "Procedimentos são necessários em algumas idades e em alguns momentos da vida, não de acordo com o padrão de beleza imposto ou porque todo mundo está fazendo." (a partir de 9:40).
A pesquisadora Rebeca de Moraes lembra que o importante é não ter a expectativa de que o procedimento buscado vai resolver todos os problemas da vida. "A busca da beleza é indissociável de nossa experiência humana e social. Mas tem uma questão também: a beleza que a gente está deixando de fora quando falamos de medicalização e homogeneização", ressalta (a partir de 19:15).
Para os pesquisadores, a questão pode ser chamada de "beleza programada". "É esse novo padrão de beleza que vem se costurando nesses tempos de algoritmos", resume Marina (a partir de 11:25).
"A questão aqui não é a gente demonizar quem faz procedimentos estéticos, mas trazer perguntas e questionamentos sobre a quem interessa essa 'melhor versão'", prossegue Marina. "Falar que a sociedade de consumo estipula padrão de beleza a gente sabe que não é novidade. O que a gente quer trazer aqui é como isso evoluiu e algumas intervenções podem ser feitas na cadeira do próprio dentista. Há a banalização de alguns procedimentos e a forma como são abordados nas redes sociais, com um certo romantismo."
Não à toa, cirurgiões plásticos têm ocupado espaços no Instagram e no TikTok.
E você? O que você pensa sobre a medicalização da beleza? Ouça o episódio completo de CAOScast no player acima e reflita um pouco sobre esse cenário tão contemporâneo.
Os podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts e em todas as plataformas de distribuição de áudio. Você pode ouvir CAOScast, por exemplo, no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, Amazon Music e YouTube.
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