CAOScast: a vida dos filhos da pandemia
Máscaras. Distanciamento social. O dia todo dentro de casa. Álcool em gel. A vida em bolhas. O novo padrão de dia a dia imposto à força pela pandemia de covid-19 é, para muitas crianças, a definição da vida como ela é: seja porque não conheceram o mundo de outra forma, seja porque não têm mais lembrança de uma realidade diferente da atual.
Estamos falando da geração dos filhos da pandemia — aqueles que nasceram ou que eram muito novos quando o novo coronavírus parou o mundo. E este é o tema trazido pela turma do CAOScast nesta semana: como as famílias estão lidando com esta questão. Para ouvir o episódio, clique no vídeo acima.
Adolescentes e adultos entendem o que está ocorrendo — por mais difícil que a situação seja. Por outro lado, atentam os podcasters, as crianças estão vivendo a pandemia sem conseguir nem compreender por que, afinal, tanto cuidado é necessário. O impacto disto no futuro dessa geração ainda deverá ser muito estudado.
Marina Roale, líder de pesquisa da Consumoteca, ressalta o fato de que ainda não é possível compreender os impactos futuros da pandemia nem sequer sobre os adultos, muito menos sobre as crianças. "Suspeite desses estudos reducionistas e que trazem uma visão sensacionalista do que as crianças vão ser", diz ela. (ouça a partir de 7:45)
Nesse sentido, os pesquisadores acham que ainda é prematuro batizar essa geração — o nome "coronions" vem sendo usado por alguns.
"A gente tem essa ideia do novo normal, mas na verdade, para essas crianças, este é o único normal possível, o único normal que existiu", afirma o pesquisador Tiago Cunha. "Não existe estranhamento." (ouça a partir de 5:30)
O pesquisador Tiago Faria lembra que a pandemia acabou fazendo até mesmo com que padrões de gênero no vestuário não sejam fixados tão precocemente na vida das crianças, afinal, "se não existe uma vida social, é preferível que elas estejam com roupas mais leves, macias e confortáveis", do que "bem-vestidas" dentro de um "jogo social". (a partir de 9:30)
"É comum relatos de crianças que nunca viram os avós, e aí vão ver os avós e estranham, choram. Muitos casos em que as crianças se incomodam em ter outra pessoa sem máscara perto dela", lembra Tiago Cunha. "A realidade dela é super diferente da nossa. Já nasceu aprendendo que o normal é ver a pessoa de máscara." (ouça a partir de 11:40)
Marina comenta que é comum dizerem que "pelo menos as crianças ganharam um tempo a mais com os pais" por conta da quarentena. E faz a ressalva: não é bem assim — na verdade "essas crianças não ganharam um tempo de qualidade com os pais, mas sim um tempo de privação". (a partir de 13:40)
A criadora de conteúdo Ana Soares, mãe de uma menina de pouco mais de 1 ano, estava grávida de 8 meses quando a pandemia começou. Ela conta que todos os sonhos planejados "foram por água abaixo". Contudo, vê como positivo um efeito colateral do distanciamento social: a falta de pitacos não solicitados, pesadelo de todos os pais de primeira viagem. "A criação eu acho que tem sido de uma certa forma até melhor porque surgem menos palpites. Pouquíssimas vezes recebi palpites. Com esse distanciamento ninguém está presente para observar como a gente está conduzindo a parentalidade e isso me deixou mais forte e mais certa de minhas decisões." (a partir de 21:30)
Trata-se de uma questão em aberto, com mais perguntas do que respostas. Quer refletir um pouco sobre os filhos da pandemia? Ouça o episódio completo de CAOScast no player acima.
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