De Amazon a Susan Miller, como o capitalismo se apropria do misticismo

Nascido em 12 de janeiro, o bilionário Jeff Bezos é ambicioso e focado em trabalho, como todo bom capricorniano. Talvez por isso a Amazon encontre qualquer oportunidade para impulsionar suas vendas, até mesmo na onda crescente do misticismo millennial.
Em 2019, a empresa começou a oferecer um horóscopo mensal com dicas de produtos ou serviços oferecidos por eles. Um(a) virginiano(a), por exemplo, era aconselhado(a) a desapegar um pouco da produtividade e acalmar a mente. Usando, é claro, o serviço de streaming da marca para relaxar. As previsões astrológicas chegam apenas aos usuários cadastrados, mas é possível acessar algumas delas que dão dicas de séries no Prime Video, por exemplo.
A Amazon não é a única empresa a juntar capitalismo e astrologia. Sapatos dos signos, decoração dos signos, leitura de tarô via WhatsApp, aplicativos astrológicos que só crescem: tudo isso faz parte do mercado de "serviços místicos", calculado em US$ 2,1 bilhões em 2019, de acordo com o jornal The New York Times.
O misticismo focado em jovens é o tema desta semana do CAOScast, podcast apresentado pelo antropólogo e sócio-fundador da Consumoteca, Michel Alcoforado. "Tem um universo do consumo que nasce junto com essa tendência. Não é igual ao tempo da minha avó, que ia lá no mato e catava uma erva. Já tem os exportadores de ervas sei lá de onde, com os benzedeiros indígenas que vêm para São Paulo fazer rituais e custa não sei quanto?", diz Alcoforado no episódio (ouça acima, a partir de 36:32).
CAOScast vai ao ar todas as quintas-feiras.
"Tem uma coisa super engraçada disso, que é o quanto a gente de fato fica sugestionada, e eu também me coloco nessa. Se eu recebo lá um e-mail falando que aqueles são os produtos de Gêmeos, eu vou olhar com atenção. E é sobre isso. Foi pensado para mim, né?", diz Rebeca de Moraes, sócia-fundadora e diretora da Soledad, uma das convidadas do podcast (a partir de 39:25).
Para a geração millennial, misticismo tem tudo a ver com autoconhecimento, área em que os investimentos também são bilionários. Uma pesquisa de 2019 da Market Research, por exemplo, prevê que o mercado do melhoramento pessoal ultrapasse os US$ 13 bilhões até 2022.
"A gente anda vendo as pessoas falando de misticismos de outro jeito, principalmente fora de contextos religiosos, de dogma. (...) A gente vê as pessoas juntando várias crenças ao mesmo tempo, e isso tomando uma forma de autoconhecimento e tornando essas conversas uma ponte para falar de si", completa de Moraes (a partir de 7:36).
Gostou do tema? Você pode ouvir a conversa completa entre Michel Alcoforado, Rebeca de Moraes, Ariana Monteiro e Marina Roale no episódio #02 do CAOScast, "Misticismo é tendência".
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