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Maioridade mental: por que millennials parecem fugir de responsabilidades?

Unsplash/Katie Harp
Imagem: Unsplash/Katie Harp

Do TAB

06/12/2020 04h00

Você já deve ter ouvido falar que a geração millennial é mimada. Que recebeu toda a atenção dos pais, ganhou todos os presentes que o dinheiro dos baby boomers e da geração X pôde pagar, que ouviu a vida toda que poderia ter o mundo aos seus pés.

Mas será que é bem assim? À beira dos 30 ou já chegando à metade deles, essa geração está precisando lidar com a vida adulta em um momento bem diferente daquele que seus pais viveram, argumenta Marina Roale, head de pesquisa da Consumoteca, no 4° episódio do CAOScast veiculado em TAB. "A ideia de ser adulto era uma, e quando a gente chegou lá, a gente não se reconheceu. E aí a gente fica achando que está fazendo errado. A gente quer ser adulto, e acha que não está conseguindo" (ouça abaixo a partir de 31:57).

Prova disso são os cursos que algumas instituições fora do Brasil já oferecem com o objetivo específico de ensinar a ser adulto. Lidar com boletos, cobranças, imposto de renda e outros pepinos dessa nova fase são ensinados à geração que, como pontua Roale, adora fazer um curso para tudo.

CAOScast vai ao ar todas as quintas-feiras.

A expectativa versus realidade de finalmente alcançar a independência vem cheia de frustrações, coisa que nem todo mundo está pronto para encarar. "Parece que nós da geração millennial, e de outras gerações também, queremos ficar adultos, mas não queremos brincar com esse trade-off que é: eu preciso ser independente, fazer o que eu quero, na hora que eu quero, mas as minhas escolhas cobram certo grau de responsabilidade", pondera o antropólogo Michel Alcoforado no episódio (a partir de 15:00).

Tem hora que os millennials se sentem os donos do próprio nariz, com contas pagas, viagens marcadas e suco verde no cardápio de todas as manhãs. Mas é só um cano estourar na cozinha que volta a vontade de ser cuidado, não é? É nessa adultez flutuante que o CAOScast define o conceito de "maioridade mental". Enquanto a maioridade penal é aquela definida por lei, a mental vai embora tão rápido quanto chega, e diferentes momentos da vida dão a impressão de adultez. "Tem dias em que eu pago imposto de renda, tem dias em que eu deixo meu cacto morrer", exemplifica Roale.

"Eu olhava para os adultos, olhava para os meus pais, e para mim adulto era aquela pessoa que tinha muita certeza de tudo. Era a pessoa que sabia o que fazer e sabia o que era certo e o que era errado. Era como se eu olhasse para os meus pais e eles não tivessem dúvida de nada, eles apenas sabiam o que fazer. Aí a gente vai crescendo e vai chegando na idade que eles tinham, e eu falo 'nossa, achei que eu ia ser assim também, que eu ia saber sempre o que estava fazendo. Mas não'. Você descobre que não é esse poço de certeza todo", diz a pesquisadora da Consumoteca (a partir de 11:48).

Quer entender mais sobre essa geração que já experimenta a vida adulta, mas não entra de cabeça nela? Ouça o último episódio do CAOScast aqui no TAB.