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Gay Games: Como a Olimpíada LGBT reflete a força do turismo de diversidade

Margaux Bellott/Unsplash
Imagem: Margaux Bellott/Unsplash

Do TAB

01/07/2021 04h01

Com mais de 10 mil participantes em 36 esportes, os Gay Games de Paris 2018 foram a décima edição de um evento que celebra a diversidade e a inclusão no esporte, desde 1982.

O evento reuniu mais de 20 mil visitantes na cidade, e um total de 75 mil espectadores. Mais do que uma demonstração de habilidades esportivas, a ideia é de união e inclusão. E é claro que a cidade-sede também ganha com o turismo.

Felipe Abílio, jornalista que cobre turismo queer em um canal do YouTube e nas redes sociais, esteve presente nos jogos de 2018 e conta que receber bem uma pessoa LGBTQIA+ vai muito além de estender uma bandeira de arco-íris na praça. "Turismo é um só. Ninguém quer que o turismo gay friendly receba você com fogos, drag queens, essas coisas. A questão que a gente aponta é representatividade", diz ele no mais novo episódio de CAOScast distribuído por TAB (ouça a partir de 12:08).

Aliás, o mercado já percebeu faz tempo que vale a pena investir em turismo para esse público, apesar de o foco ainda ser predominantemente em homens gays, bancos e com poder aquisitivo alto, analisam os caóticos. "Um dos setores que entendeu muito bem o pink money foi o turismo. Tem alguns exemplos de cidades que trabalham em cima desse conceito de gay friendly e de toda uma economia simbólica que gira em torno de música, de cultura, de artes. Para o consumidor queer, acima de qualidade e excelência do produto ou serviço que ele está comprando, ele exige uma certa aceitação de um estilo de vida queer", afirma no episódio a pesquisadora Rebeca de Moraes (a partir de 9:00).

Pensar nesse estilo de vida passa por garantir a segurança para o público LGBTQIA+, pensando por exemplo na prevenção aos atos homofóbicos. Mas não é sempre que isso se traduz em ação. Tiago Faria, também pesquisador, reflete que mesmo o Brasil ainda tem muito a fazer. "A última edição pré-pandemia da parada aqui em São Paulo, em 2019, movimentou mais de R$ 400 milhões na cidade, e reuniu mais de 3 milhões de pessoas na Avenida Paulista. Ao mesmo tempo em que o Brasil é vendido como um destino gay friendly, sobretudo externamente — falando de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife —, quando a gente olha para a nossa realidade, a gente ainda lida com uma sociedade bastante homofóbica ", diz ele (a partir de 15:33).

Faria vê aí um paradoxo: de que adianta ter a maior parada LGBTQIA+ do mundo, mas ser o país que mais mata transexuais? "O que a gente abraça de uma forma em geral no Brasil, me parece, é menos um progressismo genuíno de reconhecer liberdades, de aceitar todas as cores da sexualidade e do afeto. Tem muito mais [a ver com] uma pseudoliberdade que serve ao mercado", afirma (a partir de 15:10).

Se você quer entender melhor como o capitalismo tem se apropriado das pautas LGBTQIA+ para vender mais — e às vezes até contribuir com diversidade —, além da experiência de Abílio nos Gay Games de Paris, não deixe de ouvir o episódio completo de CAOScast.

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