Vista do Pinheiros, pipoca a R$ 18: como é a roda-gigante inaugurada em SP
Sob sol forte e um calor de mais de 30°C, a contadora Anna Isabel, 30, abria um guarda-chuva para se proteger enquanto esperava para dar uma volta na Roda Rico, considerada a maior roda-gigante da América Latina e inaugurada na manhã de sexta-feira (9), no parque Cândido Portinari, zona oeste de São Paulo.
A volta na atração de 91 metros de altura pode levar até 30 minutos — o tempo da fila foi um pouco maior para Anna, junto a cerca de 150 curiosos entre 10h e 12h (nas contas do TAB, o número oficial não foi informado pela assessoria). A vista a impressionou, mas diz que ela sentiu falta de informações (o que motivou a instalação, por exemplo). "Achei desorganizado. Demorou muito e estava tudo caro."
A estrutura tem cabines que comportam até oito pessoas, com ar-condicionado, wi-fi e bluetooth — para Anna, a internet não funcionou. Os ingressos custam entre R$ 25 e R$ 420 (para quem pretende reservar uma cabine inteira, com bebidas inclusas). Nas barracas, a pipoca pequena custa R$ 18 e o sorvete de casquinha, R$ 12.
A atração começou a girar pontualmente às 9h, ainda com obras no entorno. Moradora do Capão Redondo, periferia da zona sul de São Paulo, a estudante Gabrielli Alani, 16, percorreu cerca de 20 km para conhecer a Roda Rico, que foi batizada assim após a aquisição de "naming rights" da empresa Rico Investimentos.
A roda gira
Ao lado do pai, o técnico eletricista Aleci Júnior, 38, Gabrielli esperava na fila zapeando o smartphone. Foram até ali em busca de aventura, fãs de atividades radicais que são, dizem. "Então pensamos que a maior roda-gigante da América Latina deve ser no mínimo emocionante, né?", indaga a jovem.
O movimento giratório do brinquedo é contínuo, isto é, ele não para para que os visitantes embarquem. Chegada a vez deles, ao ouvirem que a entrada estava liberada, eles tiveram de subir rapidamente uns degraus para entrar na cabine. "Achei um pouco complicado. Um idoso teria dificuldades para agir nessa rapidez."
Uma vez na cabine, muitas selfies e olhares curiosos ao rio Pinheiros, à esquerda, e a um pedaço verde do parque Cândido Portinari, à direita. Também dá para ver o Pico do Jaraguá e, como é de se imaginar na capital paulista, muitos, muitos prédios. "Falta emoção, é muito lento", diz Aleci.
Por dentro, não dá para notar que o equipamento está se movimentando, apenas por uns momentos. Aleci, que queria mais emoção, levantou de repente e a cabine se moveu levemente para trás. Um dos passageiros, suando apesar do ar-condicionado, esbugalhou os olhos.
A fila anda
Quem também não se importou em esperar mais de 40 minutos na fila foi o educador físico Fábio Sousa Lopes, 29, morador de Taboão da Serra (SP) que trabalhava perto dali e aproveitou para conferir a inauguração da roda-gigante, uma instalação que pôde observar durante meses — o espaço foi aberto com mais de 120 dias de atraso. "Vi toda a construção. Estou empolgado para ver o visual lá do alto."
Entretido, Vitor Cautella, 8, nem notou que sua casquinha de sorvete derretia na fila dessa sexta-feira de sol forte. A estudante de odontologia Vanessa Cautella, 36, mãe do garoto, foi quem lhe chamou a atenção. Ela e a amiga Renata Anunciato, 42, vestiam amarelo (uma coincidência, já que não estavam ligadas no jogo do Brasil que se iniciaria às 12h).
A roda-gigante também é um marco para elas que, indo e vindo de Sorocaba (SP) para assistir às aulas da faculdade, observaram a obra diariamente. Elas foram buscar as últimas notas no campus e, na volta, aproveitaram para comemorar o fim do ano letivo com os filhos na roda-gigante.
Assim, a fila foi andando. Os ingressos para uma voltinha neste fim de semana já estão esgotados — os bilhetes marcados para o fim da tarde acabaram primeiro, pois o ponto forte da atração é observar o pôr do sol, diz uma funcionária. Ela e o estafe da Roda Rico ainda não subiram na estrutura. "Mas espero que a gente possa dar uma voltinha logo."
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