Em Santos, aumenta a procura por hotéis após a morte de Pelé

No final de tarde de quinta-feira (29), assim que ouviu pela rádio a notícia da morte de Pelé, uma motorista de Uber não pensou duas vezes: "se, nesse período, a cidade fica caótica, imagina agora com esse velório". Ela passava, naquele exato momento, pela orla santista e já enfrentava cerca de 14 minutos para conseguir se deslocar por pouco mais de quatro quilômetros.
Cidade mais populosa do litoral paulista, com mais de 430 mil habitantes, Santos recebe no período de Réveillon milhares de turistas que precisam confrontar tudo aquilo que é bem comum nas regiões de veraneio, como a superlotação dos espaços, a falta de água e o trânsito caótico. A morte do Rei do Futebol, o morador mais ilustre da história santista, fez aumentar ainda mais a chegada de pessoas à cidade, interessadas em se despedir do ex-jogador.
Com diárias a partir de R$ 1.200, o hotel Sheraton, um dos mais luxuosos de Santos, foi um dos primeiros a sentir o crescimento da procura por hospedagens. "Desde ontem, estamos recebendo ligações de pessoas de fora para pedir informações sobre vagas", dizia, na sexta-feira (30/12), João Paulo Berger, gerente geral da rede.
A procura por diárias, contava Berger, tem partido também de pessoas de outros países — caso de um cinegrafista com sotaque espanhol que naquela tarde desembarcava no hotel, carregando mochilas de equipamentos de filmagem e uma câmera a tiracolo.
Segundo fontes ouvidas pelo TAB, há expectativa de que o Sheraton seja um dos hotéis onde se hospedarão autoridades, chefes de estado e atletas que venham a Santos para o funeral. "Mas ainda não há nada confirmado", ponderava o gerente.
Outro hotel, a sete minutos do estádio da Vila Belmiro, local do velório público, as ligações para reserva começaram imediatamente após o anúncio da morte de Pelé. "São todos brasileiros. A maioria, jornalistas", dizia uma funcionária do setor de vendas. "Eles já começaram a chegar. Há muito por aqui", afirmava.
Na recepção do Ibis, na praia do Gonzaga, hotel de linha mais popular, um atendente afobado retrucava com mau humor a pergunta sobre procura de diárias. "Está tudo cheio, tudo cheio", repetia, com certa grosseira. O hall repleto de hóspedes dava dimensão da correria por ali. "Estamos com lotação 100% para os próximos dias", emendava.
Bem ali ao lado, Marcos Antônio Araújo, 32, tão afobado quanto, mas sorridente, recebia o vigésimo carro daquele seu turno de trabalho como manobrista de um flat à beira-mar. "É normal o grande fluxo de gente aqui, no ano novo. Mas hoje já recebemos pelo menos dois grupos que vieram para o velório", contava.
Tributo
Desde que o quadro de saúde de Pelé piorou, nos últimos dias de 2022, a cidade de Santos já havia começado a se preparar para uma possível cerimônia fúnebre do maior ídolo do futebol brasileiro. A estrutura de tendas que vai receber o caixão do ex-jogador na Vila Belmiro, por exemplo, foi armada no meio do campo há pelo menos uma semana.
"O cortejo vai passar por toda a cidade. Isso aqui vai ficar uma coisa absurda. Tudo vai parar", contava o motorista Derick Luiz, 24, enquanto passava de carro bem próximo ao estádio. O caixão com o corpo de Pelé vai desfilar em carro aberto na terça-feira, antes antes de seguir para o cemitério Memorial Necrópole Ecumênica. No itinerário, passará por quase todas as áreas da cidade, até o Canal 6, onde mora a mãe do ex-jogador. "Aqui a gente respira futebol", dizia o rapaz, que é sobrinho de Totonho, ex-centroavante do Santos na década de 1970.
Santistas celebram Pelé nas ruas e nos principais pontos turísticos da cidade litorânea. As bandeiras a meio mastro, na orla, sinalizam o luto oficial; há flores ao lado de estátuas e monumentos do Rei do Futebol espalhados pela região; e no sábado, na virada de ano, drones formaram figuras no céu em homenagem ao ex-jogador, antes da queima de fogos.
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