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Casal reencontra cachorro perdido em santuário de causas impossíveis em MG

Rosana Cruz de Pádua, Guilherme Fernandes e o cachorro Jack, Santuário de Santa Rita de Cássia, em Cássia (MG) - Arquivo pessoal
Rosana Cruz de Pádua, Guilherme Fernandes e o cachorro Jack, Santuário de Santa Rita de Cássia, em Cássia (MG) Imagem: Arquivo pessoal

Keuly Vianney

Colaboração para o TAB, de Cássia (MG)

03/06/2023 04h01

Jack sempre teve liberdade na casa onde vive, no centro de Pratápolis, cidade de 8.000 habitantes no sul de Minas Gerais. Ia para a rua e voltava, com o portão da garagem aberto à sua espera. Até que um dia ele não voltou.

No dia 21 de maio, a consultora de mídia Rosana Cruz de Pádua, 54, notou que Jack, um vira-lata brincalhão, bege e de olhos verdes, não estava lá. Junto ao namorado, Guilherme Fernandes, 28, ela procurou, mas não encontrou o cachorro nas redondezas.

Desolado, o casal decidiu pegar a estrada e dirigir 30 km até Cássia (MG) para visitar o Santuário de Santa Rita de Cássia, na noite de 22 de maio, data em que se celebra a padroeira das causas impossíveis. Desde a inauguração, em maio de 2022, mais de 500 mil fiéis já visitaram o santuário, considerado o maior dedicado à santa no mundo, com 100 mil m² de área construída.

Na porta da igreja, o casal avistou dois cães, um preto e outro de pelo claro. De longe, Guilherme suspeitou. De perto, Rosana confirmou. "Olhei no olhinho verde dele", lembra. "Jack é você?", perguntou.

Era. "Ele ficou muito alegre, abanando o rabo e pulou em cima da gente."

Quem assistiu à cena foi a professora Eliana Ferreira Silva, 46, voluntária no santuário e presidente da ONG Bicho Feliz. "Ele gostou de vocês", disse, sugerindo que o casal adotasse o cãozinho. "Ele já é nosso", Rosana respondeu, surpreendendo-a.

"Na hora, ficou nítido que eles eram os donos do cachorro, que estava muito feliz. Santa Rita de Cássia interveio nesse reencontro", diz a devota.

Rosana Cruz de Pádua e o cachorro Jack - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

Voltando para casa

Jack viajou 30 km de Pratápolis a Cássia, não se sabe ao certo como. Há quem imagine que ele tenha seguido uma romaria de fiéis na rodovia MG-344, rumo à festa de Santa Rita.

No sábado, 20 de maio, ele já estava no santuário. "Ficou o tempo todo aqui, interagiu com muitos fiéis, brincou, muito meigo", relata Eliana.

Não foram só os olhos que fizeram Rosana ter certeza de que se tratava de seu pet. Resgatado da rua há cerca de um ano, Jack tem uma cicatriz nas costas, provavelmente uma lembrança das brigas que já travou com outros cachorros. Hoje, conta a consultora, o vira-lata de cerca de 5 anos é amigável, manso e um tanto comilão ("adora um miojo", diz).

Rosana Cruz de Pádua e o cachorro Jack - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Imagem: Arquivo pessoal

O casal agradeceu à santa, improvisou uma coleira e voltou para casa com Jack — cansado, ele dormiu no trajeto. De volta ao lar, deram-lhe um bom banho, jantar e um pouco de pomada cicatrizante nas patas, que estavam com rachaduras, provavelmente das andanças.

Rosana diz que pretende comprar uma coleira para Jack, incluindo suas informações de contato. "Mas ele não vai fugir de novo, é um protegido de Santa Rita", brinca.

Ela viu Jack pela primeira vez na rua da casa de sua mãe. O cachorro a seguiu — e a conquistou. "Na verdade, ele me adotou", lembra. Foi bem-aceito pelos vizinhos e "foi ficando" na garagem da consultora. "Todo mundo na cidade o conhece e cuida dele, mas eles sabem que é meu pet."

Rosana conta com a ajuda de amigos e familiares para cuidar de Jack. "É o tipo de cachorro que não fica preso. A natureza dele é ficar na rua e sempre voltar para minha casa."