'Aquece o coração': por que pessoas de luto estão recorrendo ao Street View
Uma mulher de vestido estampado e pés descalços apoia-se no portão da sua casa de número 58, olhando o movimento na rua. Um homem calvo, de camiseta preta em pleno dia ensolarado, está sozinho na calçada de sua casa, ao lado de seu Astra prata. Um idoso repousa o braço esquerdo em cima da cabeça enquanto descansa em uma cadeira de balanço na frente de casa. Em uma rua precariamente pavimentada, um homem paramentado com máscara de proteção, camisa de manga longa e botas de borracha corta a grama da vizinha com um aparador, enquanto é observado de perto por dois cães vira-latas.
São singelos registros cotidianos, talvez incapazes de despertar o interesse. Entretanto, estão carregados de significado, motivam lágrimas, risos e memórias. Seja no portão de casa, ao lado do Astra, na cadeira de balanço ou segurando um aparador de grama, ali estão pessoas que já faleceram, mas que permanecem incansáveis em atos corriqueiros nas ruas capturadas pelo Google Street View, serviço do Google Maps.
Lançado em 2007, o Street View funciona como um mapa em 360 graus do mundo. Ao longo dos anos, a ferramenta já capturou mais de 220 bilhões de imagens e percorreu mais de 16 milhões km em 102 países e territórios. Nesse vasto álbum de ruas, becos e vielas estão registros de pessoas que hoje estão mortas. Mais do que uma representação virtual das cidades, o serviço tem proporcionado a filhos, netos e conhecidos um encontro inesperado com quem já se foi.
No Dia das Mães, 8 de maio, o nutricionista Cristiano Silva da Cruz, 29, fez uma publicação que viralizou no Twitter. Tratava-se de uma foto de sua mãe, Edna Cristina Silva da Cruz, no portão da casa onde morava, em Belém.
A imagem estava acompanhada de um texto: "Sempre que eu saía e demorava muito pra voltar, minha mãe me esperava na porta ou na janela, acho que por preocupação. Quando eu tô com muita saudade eu abro o Google Maps e vejo essa foto dela me esperando chegar. Que você tenha um feliz dia das mães aí no céu, saudades demais", seguido de um emoji de coração. A postagem comoveu os internautas e, hoje, tem mais de 304 mil likes e 12 mil compartilhamentos.
"Não esperava toda essa repercussão. Postei para os amigos mais próximos verem", explica Cristiano ao TAB. "Passou a chegar notificação e gente parabenizando por eu ter tido uma mãe tão carinhosa. Me assustei porque vi que pessoas famosas postaram, tipo o Luciano Huck."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.