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Conversas sobre comportamentos e tendências que fazem a cabeça dos brasileiros


Geração Z herda a missão de sofrer ou solucionar abismo educacional no país

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Imagem: Getty Images

Do TAB

11/04/2021 04h01

Segunda-feira, 7h30 da manhã. A professora abre o Zoom para começar mais uma aula à distância. Em vez de 30 retângulos cinza, que mostram as câmeras fechadas dos alunos que já se acostumaram a assistir às aulas de pijama, dormindo ou sem prestar atenção, ela vê as carinhas de todos eles, com uma mensagem de apoio ao trabalho dos professores. Ela chora de emoção.

Variações dessa cena têm se repetido em salas de aula virtuais no Brasil inteiro, num desafio lançado por jovens no TikTok para surpreender os docentes, que vêm relatando dificuldades de adaptação e estresse ainda maior durante a pandemia. Uma das professoras surpreendidas foi Maristela, mãe de Marina Roale, que é uma das apresentadoras de CAOScast e líder de pesquisa na Consumoteca.

No episódio veiculado aqui em TAB esta semana, Roale conta que encontrou a mãe com o rosto vermelho de tanto chorar depois da homenagem, e questiona se, quem sabe, as novas gerações serão responsáveis por grandes mudanças na educação brasileira.

A gente nunca viu uma oportunidade tão propícia para conseguir começar a inovar mais dentro da escola e dentro da educação. A gente sempre fala de geração aqui nesse podcast e brinca muito para falar de millennial — de como millennial revolucionou o jeito de namorar, o jeito de trabalhar, o jeito de fazer família... Mas o millennial, como legado de geração, mexeu pouco na escola", reflete ela. "Eu acredito, uma aposta nossa aqui, que a geração Z, que está vivendo muito esse momento agora e essas dificuldades, vai ser a geração que vai trazer inovação, vai criar startup de educação e vai criar soluções para a gente conseguir melhorar esse modelo" (ouça acima, a partir de 31:55).

O pesquisador Tiago Faria e o antropólogo Michel Alcoforado lembram que essas mudanças não devem ser apenas de ambiente. A inovação tecnológica deve acontecer, opinam eles, mas aliada a quebras mais profundas de paradigmas sobre como educamos.

"Para mim, o grande desafio da educação é se esvaziar desse conteúdo programático e fazer com que de fato as pessoas se tornem pensantes. Se isso vai ser presencial, híbrido, remoto, eu acho que tanto faz. A gente precisa de uma educação que tire o mundo dessa rota suicida de degradação ambiental, de exclusão de pessoas e de alienação política", diz Faria (a partir de 34:38).

Isso passa obrigatoriamente pelo trabalho do professor, opina ele. São os docentes, na linha de frente, que identificam essas mudanças. "A gente tem o papel muito fundamental desse profissional — muito mais desafiador hoje —, inclusive, que é o de estimular e mediar o interesse do aluno", observa Faria. "A escola é um lugar de socialização, de formação de identidade, de desenvolvimento de regras de convivência, de aguçamento de uma ética coletiva, de construção de cidadania." (ouça a partir de 13:29).

Os caóticos lembram que, apesar do otimismo com a nova geração, a pandemia não é notícia boa para a educação, contando os dados de evasão escolar e a própria dificuldade de conexão por falta de aparelho ou internet em casa.

Quer saber o que a trupe espera da educação do futuro, e como eles avaliam esse cenário hoje? Corre ouvir o CAOScast da semana!