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Conversas sobre comportamentos e tendências que fazem a cabeça dos brasileiros


CAOScast: por suas múltiplas leituras e repercussões, BBB21 é obra de arte

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Do TAB

11/02/2021 04h01

A essa altura, você já deve ter escolhido qual tipo de alienado prefere ser: o alienado que assiste Big Brother Brasil ou o "alienado do BBB", que fica por fora das discussões pautadas pelo programa. Rótulos à parte, o reality show mais famoso do país tem dominado a pauta nas últimas semanas e, por isso mesmo, é assunto também do quentíssimo CAOScast desta quinta-feira (11).

"Hoje o BBB está pautando notícia, ele atravessa. Se você assiste ou não assiste, esse assunto vai chegar até você. Então a gente vive esse efeito, é uma coisa que vira onipresente na sociedade. Uma prova disso é se a gente olhar o que vem rolando no Twitter. Entre os dias 25 e 31 de janeiro, foram 35 milhões de menções ao BBB no Twitter. Para a gente ter uma noção desse número, isso foi maior do que menções à covid-19, ao k-pop e à política", afirma Marina Roale, líder de pesquisa da Consumoteca (ouça acima, a partir de 11:46).

Gostando ou não, os assuntos surgem aqui fora como reflexo das interações entre os participantes dentro da casa, provavelmente escolhidos a dedo para refletir temas que já são caros da sociedade naquele momento, opinam os caóticos. Se BBB é a nova novela das nove, Boninho é a nova Glória Perez. E já nos fez conversar sobre cancelamento, racismo, xenofobia, bifobia?

"O BBB é uma obra de arte, porque assim como as obras de arte, é um evento polissêmico também. Você pode analisar como os temas da sociedade contemporânea estão contidos na estrutura de cada participante, você pode analisar como um produto imensamente lucrativo para a Rede Globo — dadas as aberturas de patrocínio dentro de um momento de crise da indústria —, você pode analisar como uma obra literária, se tiver alusões ali ao 'Big Brother', da sociedade da vigilância, você pode analisar através dos corpos que são expostos, você pode analisar de várias formas", filosofa o antropólogo Michel Alcoforado, apresentador do CAOS e colunista de TAB (a partir de 18:05).

Em 2020 as redes sociais já tinham feito as pazes, em parte, com o programa. Muita gente viu que dava sim para ler livros e acompanhar o BBB, e partiu para o Twitter comentar o reality ou se inteirar melhor dele.

O início das medidas de isolamento coincidiu com o fim do programa no ano passado e, em 2021, o BBB se beneficia ainda mais de um público que está massivamente em home office. Isso traz um novo fenômeno: ninguém mais precisa ficar refém da edição do programa. Aliás, a própria Globo incentiva o consumo multiplataformas e não costuma derrubar pequenos clipes do reality postados sem autorização no Twitter, observam os caóticos.

"Eu tenho a impressão de que esse vai ser o Big Brother do pay-per-view", diz a pesquisadora Rebeca de Moraes. "De acordo com um levantamento da Fundação Getúlio Vargas que foi feito no primeiro semestre do ano passado, que é bem apurado, apesar de não ser da própria Globo, Globoplay é líder de mercado de streaming no Brasil hoje; tem 20 milhões de usuários, tem mais do que Netflix, que está com 17 milhões, segundo essa apuração. São 20 milhões de pessoas com acesso a narrativas diferentes da edição da Globo" (a partir de 30:12).

E você, tem assistido ao BBB 24h por dia para saber quem está mostrando facetas antes escondidas? Quem está cancelando e sendo cancelado? Criando calo nos dedos de tanto tuitar e encaminhar meme? Então vem ouvir a discussão completa no CAOScast desta semana.