CAOScast: Corpo perfeito não existe, mas corpo feliz e potente, sim
Das angels da Victoria's Secret às praias do Rio de Janeiro, o corpo exposto da mulher serve para vender, delimitar espaços de convívio onde uns são aceitos e outros, não. Serve também para medir obediência — como argumentou Naomi Wolf no livro "O Mito da Beleza".
Mesmo com a onda de empoderamento e autoaceitação dos últimos anos, impulsionada pelo espaço que as redes sociais proporcionam, padrões reforçados há séculos não são tão fáceis assim de mudar. E é esse o tema que CAOScast traz esta semana em TAB, convidando todos a fritar um pouco as ideias do que consideramos um corpo belo ou sensual.
O antropólogo Michel Alcoforado participa deste episódio comenta. "Dependendo do corpo que você tem, você frequenta um ponto da praia, um posto da praia do Rio de Janeiro. A gente tem muito isso de 'será que eu posso ir naquele lugar?' Tem a expressão no Brasil que é 'eu não tenho nem roupa pra isso', e no Rio é um pouco 'eu não tenho nem corpo pra isso'. Você está sempre se policiando", reflete Marina Roale, head de pesquisa da Consumoteca, direto de Botafogo (ouça a partir de 5:32).
Se por um lado a autoestima já é tema de debate há mais tempo e trabalhar nela é um processo que vem de dentro para fora, a sensualidade ganha contornos mais complexos, porque fala mais da visão do outro sobre você. E aí a mudança precisa ser socialmente mais ampla para fazer algum efeito. Por isso, os caóticos convidam a pensar no corpo potência. Um corpo suado, um corpo que se mexe e que nos proporciona prazer começa a ser visto aos poucos — pelas marcas e pela sociedade — como um corpo saudável.
"A mulher começa a perceber que sensualidade é uma junção, uma combinação de fatores, que pode ser moldada de forma diferente dependendo da idade, da região, da forma como a gente lida com isso. Hoje a gente está vivendo novos jeitos de construir de ressignificar até essa validação que o outro tinha que fazer da gente e está criando uma nova narrativa sobre nossos corpos", observa a pesquisadora Rebeca de Moraes (a partir de 8:00).
A popularidade de práticas como o pole dance "ressignificado", que traz confiança para a mulher sobre as potencialidades de seu corpo em um espaço totalmente feminino, e também ações comerciais como marcas esportivas que as mostram em movimento, esbanjando força, suor e endorfina, são citados como exemplos de pequenas mudanças positivas pela trupe do CAOScast. Marcas que quiserem conversar com um novo público precisam ficar atentas a isso, alertam os pesquisadores de tendências.
Se determinada marca apoiava todo seu imaginário sobre a ideia do corpo perfeito, sua força cai por terra à medida que a sociedade começa a questionar sua concepção sobre saúde e beleza, opina Roale. "A silhueta desconstruída está cada vez mais forte. Isso pode parecer uma tendência, mas é uma tendência que diz muito sobre comportamento. Que é a mulher poder conquistar essa ideia de que você não vai precisar ficar sempre com uma roupa que transmite os códigos padrões de feminilidade. (...) E essa geração Z, quando a gente entrevista eles, a gente vê essa relação com o armário muito mais aberta" (a partir de 21:33).
Quer entender melhor como a sociedade (e principalmente a brasileira) está mudando de percepção sobre o que é um corpo belo e sensual? Ouça o episódio completo de CAOScast ali em cima!
Os podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts e em todas as plataformas de distribuição de áudio. Você pode ouvir CAOScast, por exemplo, no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts, Amazon Music e Youtube.
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