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CAOScast: A nova lógica da influência não dá espaço para tanta ostentação

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Do TAB

28/01/2021 04h00

Nada retrata melhor a mudança na nossa forma de encarar o estilo de vida dos influenciadores digitais no último ano do que a "covid party" de Gabriela Pugliesi. Já faz nove meses que a festinha com direito a stories no Instagram, desdenhando da gravidade do vírus, ocorreu — e desde então, muito mudou nas redes.

Ostentar produtos, experiências, viagens e contatos deixou de fazer sentido. E como ficou a galera que dependia disso para manter seu público? Esse é o tema do CAOScast distribuído esta semana aqui no TAB: a nova lógica dos influenciadores. Ouça no arquivo acima.

"Parece que a rotina das celebridades e dos digital influencers é defrontada com os privilégios e, consequentemente, esse conteúdo é colocado em xeque do ponto de vista da sensibilidade e da pertinência dele para esse momento", avalia o pesquisador Tiago Faria no podcast (ouça a partir de 11:00). Tiago lembra que, enquanto Madonna agradeceu pelo "vírus ser um grande equalizador" do alto de sua riqueza numa foto em uma banheira de luxo, quem é gente como a gente está aqui restrito ao seu chuveiro elétrico — quando muito.

O desejo pela vida do influenciador ou famoso deixa de ser apenas uma aspiração. Passa a ser um recorte de quem tem mais chance ou menos chance de contrair o vírus e morrer como consequência, já que fatores como classe social influenciam em possibilidade de distanciamento, acesso ao sistema de saúde e mesmo no desenvolvimento de comorbidades.

"Antes, a gente seguia o influenciador para admirar, se inspirar na vida dele e ter esse estilo de vida que ele tinha quase como se fosse algo inalcançável. (...) O tal do influenciador tinha uma vida aspiracional. E como você não conseguia comprar o pacote todo da vida dele, você ia comprando pedacinhos, e esses pedacinhos eram as marcas patrocinadoras", diz o antropólogo Michel Alcoforado, colunista de TAB e apresentador do CAOScast (a partir de 5:02).

Em uma pesquisa feita pela Consumoteca, 54% dos entrevistados disseram estar revendo sua lista de influenciadores durante a quarentena ao ver que determinados conteúdos já não fazem mais sentido. Entre a geração Z, esse número cresce para 65%.

Não que a profissão influencer vá desaparecer, dizem os caóticos. Mas a forma de ostentar — e também de influenciar — muda. "Não dá mais para a gente falar de ciência, cultura, política, economia, de forma dissociada. Isso também vai impactar essa lógica de influência dentro das redes sociais. É o que a gente tem falado sobre a politização de um lifestyle. Não dá mais para um influenciador produzir um conteúdo sem pensar no impacto, sem pensar no todo, sem pensar em como que isso vai dialogar ou ser recebido por esse público", define Marina Roale, head de pesquisa da Consumoteca, para o que ela chama de influenciadores híbridos (ouça a partir de 17:53).

Quer entender para onde caminha esse universo da influência digital com empatia e sensibilidade? Confere o CAOS desta semana no link acima!

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