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CAOScast: para ser místico em 2022, é preciso ter senso de comunidade

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Do TAB

20/01/2022 04h01

De uma visitinha periódica ao astrólogo a rituais supersticiosos caseiros, o misticismo parece ser algo natural entre os millennials. Mas é possível ser good vibes em meio ao cenário destroçado de 2022?

Depois das sete ondinhas puladas, da cor da roupa escolhida e de todas as mandingas tradicionais de Réveillon, o pessoal do CAOScast resolveu analisar o "jovem neoliberamístico".

Líder de pesquisa da Consumoteca, Marina Roale entende que o discurso místico ganhou amplitude com a geração millennial, mas agora enfrenta uma resistência social. "Diante do cenário complexo e pandêmico, começamos a ver um movimento de deboche em relação a esse jovem místico", afirma (ouça a partir de 9:30).

Ela explica que não se trata de um cancelamento da astrologia e de outros conhecimentos esotéricos, mas de uma indignação crítica "a quem usa o misticismo como remédio para graves questões da sociedade".

"Com tanta gente sofrendo, jogar peso das tragédias no alinhamento dos planetas parece uma forma de diminuir a realidade, é um pouco insensível com o outro", acrescenta ela. "Você pode ser esotérico, mas seja um esotérico consciente."

O pesquisador Michel Alcoforado acredita que o problema é que as pessoas estão juntando "no mesmo balaio" o discurso místico e seus desejos, sua expressão de individualidade.

"É quase como se os assuntos do esoterismo estivessem também sendo privatizados dentro desse modelo de sociedade neoliberal. O misticismo é a última seara de colonização dos preceitos neoliberais", diz ele (a partir de 11:50).

"O misticismo, que era para libertar a gente desse lugar de culpa que muitas religiões trazem, agora tem a culpa mística", compara Marina (ouça em 21:15), ao comentar uma polêmica recente de redes sociais, quando um canal dedicado a feminismo místico afirmou que toda mulher "guarda" no útero o DNA dos parceiros com quem se relacionou. Puro absurdo.

A solução para que o misticismo sobreviva ao cancelamento está numa reinvenção de suas próprias abordagens. Os pesquisadores falam sobre um fenômeno que já vem sendo observado: o esoterismo mais preocupado com o senso de comunidade.

"O contraponto é o 'menos individualidade' e o 'mais comunidade'. No TikTok, alguns jovens se juntam e falam desses temas de forma geral para ser sobretudo uma plataforma de apoio uns aos outros, lembrando mais desse aspecto do coletivo", conta o pesquisador Tiago Faria (a partir de 31:00).

Ficou interessado em entender mais sobre o tema? Ouça o episódio completo de CAOScast no player acima.

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