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CAOScast: Na pandemia, games viraram alternativa de socialização

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25/02/2021 04h00

Free Fire, Among Us, League of Legends e até xadrez tiveram dias de glória durante a pandemia do novo coronavírus. Jogar — e assistir aos outros jogando — virou uma das formas preferidas de socializar nesses tempos de isolamento.

Quando não dá para se ver ao vivo e as conversas por Zoom só giram em torno da covid, encontrar os amigos online para construir algo em comum, lutar contra o mesmo inimigo virtual ou apontar o dedo uns para os outros até encontrar o impostor virou passatempo corriqueiro. Clique no vídeo acima e descubra como esse hábito se transformou durante a pandemia.

No CAOScast desta semana, a trupe de especialistas nos ajuda a fritar as ideias no universo dos games, da Fazenda Feliz ao GTA. "Com essas medidas de isolamento social, o consumo de jogos eletrônicos só aumentou. A ponto de eu ver meu pai jogar PlayStation, que é uma coisa que eu não imaginava", comenta a líder de pesquisa da Consumoteca, Marina Roale. "Se é uma coisa que a gente não estava reparando nesse mercado até aqui, chegou o momento. O mercado de games teve uma receita 12% maior em 2020 no comparativo anual, muito por conta dessa questão de todo mundo em casa. Esse dado vem do relatório Superdata, que é um braço de análise de entretenimento da Nielsen. E só tende a crescer", frisa ela (ouça a partir de 6:03).

Não teve jeito: quase todo mundo foi atingido pelos games nos últimos tempos. Seja da forma mais tradicional, jogando propriamente, ou então pela gamificação do mundo à nossa volta. Os aplicativos que usamos para fazer exercícios, para investir dinheiro e até para pedir comida funcionam na lógica da recompensa — como joguinhos que nos dão pequenas injeções de adrenalina ao chegar em uma nova fase. Com isso, ninguém mais precisa ter uma cadeira caríssima ou um computador com gráficos incríveis para estar inserido na lógica do jogo. É o multiverso gamer.

"Aquele perfilzinho que a gente imaginava do típico gamer, que sentava naquela cadeira alta, botava aquele fone todo escalafobético e ficava lá 24h, sete dias por semana, fechado num quarto escuro olhando para uma tela de um computador ou de uma televisão para poder se divertir, mudou, né? O gamer não é mais tão obscuro e antissocial como a gente imaginava não", observa o antropólogo Michel Alcoforado, que também é colunista aqui em TAB (a partir de 8:40).

Aliás, o adjetivo antissocial está cada vez mais descolado de quem joga. Principalmente com a pandemia, os games viraram espaço para juntar a galera e interagir. "Os jogos hoje em dia são muito coletivos, e isso dá para quem joga também uma sensação de estar compartilhando a vida com outras pessoas, e não se isolando do mundo. Chamou atenção em uma pesquisa recente que a gente fez que só 10% dos brasileiros que jogam se sentem sozinhos quando estão diante da tela. 57% dos nossos entrevistados dizem que jogar algum game é uma prática que colabora para o convívio social, inclusive", afirma a pesquisadora Rebeca de Moraes (a partir de 13:38).

Among Us e Free Fire são dois dos grandes responsáveis por essa virada de chave, avalia Renata Coltro, que é especialista em games e faz parte da equipe da Consumoteca. "O Among US é um exemplo muito legal de formação de comunidade, de trazer essa questão da socialização para dentro do game. Essa foi a sacada dele: ser um jogo leve. Mas também foi a sacada do FreeFire, que foi um jogo que chegou no Brasil em 2018 e mudou completamente o cenário do game no Brasil. Porque ele é um jogo de celular, com gráficos super simples, que roda em qualquer aparelho intermediário, não consome muito dado, e por isso ele abriu portas para muita gente que ainda não tinha condições de se inserir nesse universo, e trouxe muitos meninos novos para o cenário profissional também", diz ela (a partir de 19:16).

Seja você um jogador profissional de Call of Duty, uma viciada em streams ou uma arquiteta de The Sims aposentada, como se define Marina Roale, não perca o novo episódio de CAOScast. É só dar play ali em cima.

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