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Os últimos boiadeiros do Pantanal, o 1º de Maio, a gira de Exu e mais

Os últimos boiadeiros - José Medeiros/UOL
Os últimos boiadeiros
Imagem: José Medeiros/UOL

Do TAB

04/05/2022 00h00

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Olá, leitores de TAB, como estão? Vocês já pararam para pensar na letra que Maria Bethânia canta toda noite, na abertura de "Pantanal"? O que "os filhos dos nossos filhos verão", de verdade? Daquele Pantanal alagado e seus trabalhadores, certamente muito pouco. É isso que retratam Rodrigo Bertolotto e José Medeiros, em especial desta semana. Nossos jornalistas também foram às ruas para trazer outras histórias, como o sumiço da carne bovina nos PFs de São Paulo, a mobilização em torno de Lula e Bolsonaro no 1º de Maio, o Carnaval que não acaba, a louvação a Exu e as peripécias dos "famosinhos da grade". Fiz um resumo com os nossos destaques e espero que você goste. Boa leitura!

Fim de um era
A água manda e desmanda no Pantanal. Mas outra mudança está acabando com essa soberania líquida: a maior planície inundável do mundo perdeu 30% de sua superfície alagada nos últimos 30 anos. As secas e incêndios em 2020 e 2021 escancararam a situação. Nesse movimento, a pecuária tradicional, com os boiadeiros tocando boi pelos charcos, também está sendo substituída pela criação intensiva para exportação, com gado confinado comendo ração de soja e milho. "Pantanal não vai voltar ao que era", diz Ezequiel da Silva Campos, o Gil Maravilha, comissário de comitivas de bois, na na reportagem sobre os últimos boiadeiros do Pantanal, com apuração e imagens de José Medeiros.

A Pasárgada de Josias
Alguns escolhem a solidão, outros são escolhidos por ela. Todos, porém, convivem com as memórias. Josias de Oliveira, 58, por exemplo, depois de zanzar pelos arredores de Ararapira (PR), decidiu voltar à vila onde viveu com a família desde a infância. O homem não encontrou ninguém quando retornou. Seu pai e sua mãe estão mortos. Restavam apenas ruínas, uma construção ou outra e o carinho dele pelo local. Foram anos assim, até que, agora, antigos moradores começam a reaparecer. Josias deixou de ser o único habitante, mas ainda é o único morador de uma Ararapira que só ele conhece, como conta o jornalista Daniel Lisboa.

Vem pra rua?
No 1º de Maio, os principais adversários na corrida presidencial foram às ruas para uma prévia de campanha. TAB acompanhou. Mobilizada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), a claque conservadora ocupou a avenida Paulista com ato repleto de críticas ao STF (Supremo Tribunal Federal) e de apoio ao deputado federal Daniel Silveira (PTB). Tinha gente fantasiado de Darth Vader, de anjo e até com imagens de aborto. Em Brasília, o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, fez um discurso sobre a disputa entre o bem e o mal. Já em frente ao estádio do Pacaembu, na capital paulista, o ex-presidente Lula (PT) juntou um público enxuto para celebrar o Dia do Trabalhador, com a presença do ex-ministro José Dirceu e show da cantora Daniela Mercury.

Sumiços inexplicáveis
Na última segunda-feira (2), o presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Humberto Costa (PT-PE), afirmou que irá verificar a situação de um projeto de lei que tipifica o crime de desaparecimento forçado. O objetivo é acelerar a aprovação da proposta. A decisão de Costa foi divulgada em uma audiência pública realizada em Brasília sobre a existência de 45 valas clandestinas descobertas nos estados de São Paulo e do Rio de Janeiro, desde o ano de 2016, informação revelada na série de reportagens "Mortes Invisíveis", do núcleo investigativo do UOL, publicada no início de abril pelo TAB.

Ainda ele
O Carnaval sem fim rendeu mais um final de semana de fervo em São Paulo: os desfiles das escolas campeãs de 2022. A jornalista Claudia Castelo Branco acompanhou a festa de dentro de um camarote, coberto e repleto de torneiras de chope, onde sobrava euforia e faltava interesse na principal atração, o samba. "Camarote é camarote", explicava um habitué. Num mundo quase paralelo ao evento tradicional, o que os "foliões" queriam mesmo era se jogar no chão e fazer foto.

Aonde eles foram?
No começo da semana, fotos de barracadas montadas ao lado do Allianz Parque rodaram a internet. As legendas anunciavam que fãs de Justin Bieber já estavam acampados para o show do ídolo nos dias 14 e 15 de setembro -- quase cinco meses de antecedência. A repórter Marie Declercq foi até lá conferir a ansiedade dos jovens, mas terminou encontrando outra gente: "Moça, as barracas pro show do Justin Bieber eu não vi, mas tem um pessoal acampado pra ver Kiss", disse um dos funcionários do estádio. E era verdade. A reportagem conversou com os roqueiros de prontidão que estavam aguardando a abertura dos portões para o show do dia seguinte.

Vacas magras
Com a prévia da inflação de abril batendo 1,73%, índice mais alto desde 1995, o tradicional executivo de São Paulo -- virado à paulista na segunda-feira; bife a rolê na terça; feijoada na quarta etc. -- já foi para o espaço. Ficou só uma versão popular da feijoada. "Não tem carne seca, paio e estas coisas. Foi tudo substituído", conta o comerciante Rodrigo Lopes de Souza, 40, que, para manter o preço de R$ 8 das marmitas que vende no Brás, precisou tirar a carne do prato. A situação é semelhante em outros estabelecimentos da cidade, como mostraram os jornalistas Felipe Pereira e Daniel Lisboa, nesta reportagem.

Laroyê
"A gente tem que levar o nome de Exu adiante. São entidades de força. Sem eles não há ser humano, ninguém fica de pé", dizia o pai de santo Eduardo Jordan Neves, 39, na abertura dos trabalhos no terreiro de umbanda Caboclo 7 Pena Branca e Zé Pelintra, em São Caetano, na Grande São Paulo. Poucas horas antes de a gira iniciar, a escola de samba carioca Grande Rio havia vencido a disputa de 2022 com um enredo celebrando o orixá que é uma das divindades mais cultuadas nas religiões afro-brasileiras. Nós assistimos à cerimônia religiosa daquela noite, quando cerca de 100 pessoas lotaram a pequena sala em busca de apoio espiritual.

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